A ideia de primavera desperta em cada um a expectativa de novas perspectivas pela visão multicolorida que ela nos proporciona. O verde está mais verde, e o colorido parece ter sido retocado pelas mãos do Criador. É lógico que saímos de um inverno que não fez frio, porém deixou marcas de um estio bravo com muito focos extremamente secos e gerando grande facilidade para queimadas, o que pigmenta de cinza com a fumaça que exala das queimadas que não são poucas. Mas, em compensação as cores da primavera agora vem embelezar o nosso habitat.
Quase que anualmente neste período sou arremetido a pensar no tempo da minha infância e adolescência e mais diretamente nas primaveras que experimentei por aqueles idos. Eram diferentes? E porque não seriam? Pelo menos as cores sobejavam por todas as cercanias de onde eu residia. Até quase doze anos morando em Itapira, os bairros dos Prados, o Parque Juca Mulato, a descida para o Cubatão, o alto da Santa Cruz nas imediações da Avenida Pauletti, lugares por demais floridos com suas encantadoras arvores. Depois dos doze até os dezesseis anos, a Avenida Altino Martini, imediações do Restaurante Peixada e Jangada. Os campos do Dr.Mello, e o caminho interno Vila Champion-Mogi Guaçu via varjão da Martini. Particularmente residi no Solar dos Caldeiras, uma família maravilhosa de São Paulo, e ali também as flores eram depois dos Caldeiras, as mais belas obras da mão do Criador.
Algumas cores das minhas primaveras infanto-juvenis ainda estão patenteadas em minha memória com translúcidas lembranças. Lembro-me do denotado colorido dos ipês roxo e amarelo, da encantadora buganvília, trepadeiras ornamentais que demarcam a primavera e são nativas do Brasil. Não consigo esquecer do pau-brasil, com flores de uma amarelo-ouro que desabrocha de forma esplendorosa em setembro e outubro, e mais particularmente não consigo esquecer do pau-brasil que tinha plantado no centro entre a praça Mal.Candido Rondon e Av.Sargento Aviador Osvaldo Fernandes, ali naquela praça lembro me do pároco René fazia sua leitura e meditações andando ao derredor daquela bela árvore de Pau-brasil.
(algumas imagens modernas, já que as que tinha foram tiradas com uma polaroid(a estrela daquele tempo 62-66) e só tem o papel film, as cores o tempo comeu).
bunganvilia |
ipê amarelo |
ipê roxo |
pau-brasil |
Bem, saudosismo a parte voltemos à primavera na sua essência. Como estação diria que ela consegue transpor os stresses cotidianos do rush moderno imposto pela extrema necessidade da luta pela sobrevivência. Quem sabe mesmo a primavera consegue mover o nosso interior, despertar a nossa alma para ver a beleza das cores e de que como Deus não poupou suas tintas divinas para despertar a natureza. Aliás, penso que se o homem não tivesse caído em Genesis 3, a primavera seria a nossa única estação. Então a degradação ecológica não é de agora, mas remonta ao tempo da inocência. Quem sabe seja ela existente mesmo para mostrar ao homem a possibilidade da restauração da vida. Afinal, padecer sob rigoroso inverno ou causticante verão ou ainda ver o cinzento chicote do vento do outono, que tudo desfolha e descolore, nos faz pensar como seria melhor vivenciarmos só a primavera, mas tudo é escolha, assim então, foi a escolha do homem.
Primavera sempre falou comigo sobre nova oportunidade, novo tempo, novo inicio, afinal observe na primavera a vida é pintada nas cores, o frescor das flores exalando o perfume, tudo vindo da terra de onde a vida brota e provoca nos pássaros suaves cantos. Salomão registrou com sabedoria no livro de Cantares algo precioso: “Olha e vê que o inverno já passou; a chuva cessou e já se foi. Aparecem as flores na terra; chegou o tempo de cantar; já se ouve o arrulhar da rolinha em nossa terra.” (Ct 2:11-12 Bíblia Século 21). Isto era uma figura de Cristo falando à sua noiva, a Igreja. Mas, é bem propício para este tempo também empregar estas palavras, afinal como temos visto tanta gente vivendo um infindável inverno de lutas, dores e problemas.
Mas, como é liberador saber que Deus é especialista em fazer cessar o inverno que fere e trazer a primavera em cada vida dos que o seguem. Quando as janelas do nosso coração estão abertas isso é um passo de fé, porque por certo do lado de fora Deus já transformou a paisagem. Isto aconteceu comigo, pode acontecer com você. Houve um período tão desalentador na minha vida que tudo era cinza, não havia cores, não havia sonhos, nem paz e alegria.
Mas em 1974, em novembro de 74, eu rompi uma marcha de fé, e saí do tenebroso inverno para uma primavera onde vi renascer a vida e alegria de viver. É lógico que independente de ter me tornado tão hermético com relação à vida, porque a primavera estava lá fora, linda, florida, exuberante, mas eu estava preso a sentimentos ruins, até eu abrir o coração e a semente da vida entrou: Jesus Cristo.
Lembre-se do titulo desta postagem: a primavera de 1974 começou em novembro...e nunca mais acabou para mim. Quem experimentar isto também? Abra seu coração para Jesus, com Ele a primavera dura sempre.