Sempre haverá um questionamento interior, ou melhor uma inquietação, no coração de todo aquele que se decide por Jesus no tocante ao seu chamado. E agora? Lembro me dos livretos com o Evangelho de João que distribuía nos cultos depois de cada mensagem e apelo para entrega ao Senhor, sim prefiro dizer entregar-se do que aceitar. É estranho alguém aceitar Jesus, como é isso, se Ele nos aceitou primeiro? Ele nos amou primeiro, se deu por nós. Há um texto lindo em João 12:32 que assim diz: “ E, quando eu for levantado da terra, atrairei todos a mim”.(NVT) Preste atenção, a todos atrairei. Eu, vocês, sua família, na visão de Deus, no sacrifício de Jesus já estão todos salvos, é tudo uma questão de decisão, de ir até Ele.
Outro dia fui agraciado com uma linda mensagem enviada por um amigo. Um irmão adentra a uma salão de cabeleireiro e enquanto seu cabelo é cuidado, ele se delicia lendo um exemplar do Noto Testamento, o cabeleireiro se limitou a fazer seu serviço, mas vez ou outra meneava a cabeça tipo, que perda de tempo. Terminado ao serviço, dirigiu se ao freguês e disse: Deus não existe. Se ele existisse não haveria tantas doenças, enfermidades, violência, fome e desajustes. O irmão silenciosamente efetuou o pagamento e se despediu. Ao sair do salão deparou com jovens cabeludos, tocando violão e embalando seus rocks, aproximou se e pediu se eles poderiam acompanhá-los por um instante. Aquele jovens entraram com o irmão até ao salão e então dirigiu se ao cabeleireiro e disse lhe: porque você não corta o cabelo deles? Imediatamente o cabeleireiro respondeu: porque eles não vêm até mim! E o irmão interferiu: e porque ele não vêm até seu salão, você não existe? Não, eu existo, estou aqui. Então, querido, disse o irmão, assim são as pessoas que sofrem nesse mundo, Deus existe, mas elas não vão até Ele.
Voltando agora à questão chamado. Há uma inquietação nos que se decidem por Jesus porque em princípio o chamado é latente desde a decisão, mas há um texto que nos consola: “ Porque muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos. (Mt 22.14 ) . E porque a inquietação? Porque o chamado é Deus, mas cabe a um de nós tomar a decisão da escolha. O chamado é de Deus, ele chama a todos, mas a escolha é nossa, quer dizer, vamos tomar posição de que se Deus chama a todos, a escolha é nossa, se queremos seguí-Lo ou não. Há na verdade de se ter uma disposição de ter o discernimento do chamado de Deus, e para tal é preciso saber dar ouvidos a Ele. Nossa agenda moderna é tão conflitante de compromissos que não achamos tempo para nos aquietar e ouvir Deus. Urge que separemos um tempo de qualidade no dia a dia para ouvirmos o Pai. É duro mas é realidade, temos tempo para tudo. Domingo é o dia dos esportes e não perdemos nada.
Como religiosos somos até dizimistas, damos dez por cento dos nossos ganhos na igreja que servimos, mas o dízimo é o item mais fácil de se entregar a Deus, mas esquecemos que vivemos 1.440 minutos por dia, e quanto damos de tempo à Deus? Ora, se somos tão religiosos, seguidores das ordenanças, deveríamos dar também 144 minutos diariamente para Deus, ou até usar o recurso do benefício que Jesus nos concedeu ao encontrar seus discípulos dormindo enquanto ele orava intensamente diante da sua agonia. Ao deparar se com os discípulos dormindo disse:
“Nem ao menos uma hora pudestes vigiar comigo?” - Mateus 26.16 . Que interessante lá na aliança veterotestamentária até o tempo diário nosso precisaria ser dizimado, ou seja, 2 horas e 24 minutos separados para Deus diariamente, mas Jesus chega no Novo Testamento e por causa de ver que os seus discípulos, os homens podem até dormir de tristeza . (E, levantando-se da oração, veio para os seus discípulos, e achou-os dormindo de tristeza. Lucas 22.46). Como é provocado o sono quando alguém está triste? Os seus olhos se tornam pesados, cansados, abatidos, sem força para resistir os desafios do compromisso da oração, da empreitada cristã.
Isso tem acontecido com muitos, a visão está cansada pela força e fascínio que o mundo exerce sobre cada um. Espiritualmente falando somos desejosos, ávidos e dispostos à tudo que o sistema moderno determina, mas na intimidade com Deus fraquejamos. Temo limitações e portanto a leitura bíblica faço de manhã, depois de amanhã. Ora, é preciso se despertar, se existe um chamado ele não pode ser periódico, muito menos integral, mas sim vida integral, minha vida separada para o Senhor, meu tempo sendo Governado pelo Deus da minha vida. E é aqui que surge a temerária pergunta que não se cala no nosso interior: como separo, como entrego minha vida integral para Deus? É quando eu tenho capacidade de ouvir os clamores dos que nos buscam com suas lutas e limitações. Quando bem defino que sou, perfeitamente construído geneticamente, logo tenho dois ouvidos e uma só boca, o que me ensina que preciso ouvir, ouvir muito aos que me procuram, mas preciso ser sábio falando só o necessário e o que esteja em linha com a Palavra de Deus.
O chamado nos faz disciplinados ao ponto de atender e entender a vontade de Deus para as nossas vidas, e isso ilustra bem que é o nosso ministério, o nosso chamado que temos que viver. Se quisermos ser como os outros, nunca seremos nós mesmos. Só há um que podemos querer ser iguais: Jesus Cristo, porque quando identificarmos o nosso chamado com a verdadeira vida que existe no Cristo, seremos completamente felizes. Urge porém, que tiremos os olhos daquilo que é proposto diuturnamente para o mundo de facilidades que o viver moderno nos oferece. Existem até mesmo placas denominacionais vendendo a ideia de que a felicidade se resume na inexistência de problemas na vida pessoal. Não, a Palavra alerta que o Cristo que nos dirige bem anunciou: nos mundo tereis tribulações, mas animem se, eu venci o mundo. (João 16.33).
Então, por maiores que sejam as lutas que enfrentamos ou enfrentaremos no nosso chamado, a cada dia devemos renovar em atitudes e prática de fé renovação do nosso “Eis me aqui” diariamente. Precisamos ter consciência de que o levar da cruz é diário, que não há folgas, ou tempo de descanso. Podemos é verdade, cansarmos, sentirmos abatidos pela intensidade da jornada cristã, mas temos que olhar avante e lembrarmos que Ele nos ajuda, nos suporta em amor e nos faz capazes de chegar ao nosso alvo como aqueles que ouviram o chamado e hoje e bem lutarmos para assim cumprí-lo. Essa disposição de dizermos diariamente eis me aqui Senhor, nos faz santos e aptos para levar avante a boa empreitada que lá no ato da conversão iniciamos. Que Deus nos ajude a manter acesa a chama do nosso Eis me aqui Senhor.