quinta-feira, 11 de junho de 2020

UM LEVITA, LINDAS CANÇÕES, DORES PESSOAIS.





Tenho profunda admiração pelo livro de Salmos, me inspiro nele diariamente. Salta-me os olhos o versejar dos seus autores, mas gosto de demorar-me nos salmos de Asafe, 12 ao todo, o 50 e do 73 ao 83. Gosto de pensar que os seus salmos são uma amostra da música que ele compôs para a inauguração do Templo de Salomão, tão rico hino, tão cativante que Deus ao ouvi-la desceu da sua nuvem de glória, e o templo se encheu da Shekinah que os sacerdotes não podiam parar em pé.

Que prodígio e inspiração buscou Asafe para agradar a Deus dessa forma!!! Vejo a espiritualidade do salmista sempre as voltas com as suas composições e salmos, lábios transbordantes de louvor, mas isso não isentava o de experimentar suas dores. Ele tinha pessoas da família bem enfermas.

O músico, o levita, o ministro de louvor está sempre pronto para conduzir a congregação ao êxtase provocado pelos  louvores entoados, afinal esses atraem a presença de Deus. Então, mesmo com tanto envolvimento espiritual, o levita não está isento das suas particulares dores. Há pouco vimos a batalha travada pela cantora e pastora Ludmila Ferber, que com suas composições tocam os céus, mas atravessou um renhida luta contra o câncer. Lindas canções, dores pessoais.

É assim mesmo, ninguém é capaz  de avaliar o tamanho da dor do outro. Só quem experimenta a dor conhece o destroçar da alma que uma dor provoca. Tenho padecido de violentas dores por todo o corpo oriundas de algumas enfermidades, mas ninguém é capaz de mensurar o grau dessas dores. Dor é um sentimento exclusivamente individual, e então não adianta alguém dizer: pense que tem gente que sofre mais que você, ou ainda como eu ouvi semana passada, ah você está com muitas dores, mas está andando ainda. Esses argumentos não diminuem a minha dor, não alivia em nada, porque só eu sei da minha dor e não sei da dor do outro.

Pode ser ainda uma dor sem medida sofrida na alma, como experimentei no final de 2019. Dói tanto que as vezes eu  me pego numa inspiração indevida, me demorando ainda mais no Salmo 44 escrito pelos filhos de Corá e quase que argumentando os versículos 23 a 26, dando um alerta a Deus: Desperta! Porque dormes Senhor? Desperta! Não nos  rejeites para sempre!Porque escondes o rosto e te esqueces da nossa miséria e da nossa opressão? Pois a nossa alma está abatida, e o nosso corpo está como que pegado no chão. Levanta-te para socorrer-nos; resgata-nos por amor da tua bondade.

A dor nos leva a atitudes descabidas. Quando o limite da dor se torna insuportável, até mesmo quem teceu melodiosas frases em 11 salmos, no caso Asafe, ao iniciar o Salmo 83 , seu 12º. Salmo, cansado de ver o sofrimento do povo de Deus ele brada no versículo 1: “ Oh! Deus, não te cales, não te emudeças e nem fique inativo, oh Deus “.

Atente para isso, um homem acostumado a tecer palavras de enaltecimento e glorificação a Deus, repentinamente cai num lamento desse. Rebeldia? Não, antes a expressão da alma aflita em dor por ver o povo sucumbindo diante dos conspiradores contra os protegidos de Deus.

Em outra ocasião,  Asafe enveredou por ouvir seus temores e dores interiores, mas felizmente caiu em si e aí proclama nos Salmos 77.10: “isso é enfermidade minha”. Que Deus nos ajude em nossas dores e que as vençamos pelo poder da Palavra, como o povo no deserto o fez conforme o Salmos 107.20: “Enviou a sua palavra, e os sarou, e os livrou da sua destruição.” Que formemos consciência que isso é tudo o que precisamos para sanar nossas dores: a Palavra: "Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao SENHOR e aparta-te do mal. Isso se constituirá em saúde para o teu corpo e vigor para os teus ossos." (Provérbios 3.7-8).