segunda-feira, 28 de outubro de 2019

DESESPERADO, MAS NÃO DESESPERANÇADO!




Às vezes nos encontramos tão desesperados que esquecemos que haverá um final para toda crise, e depois do final, há a grande possibilidade de recomeço. Recomeçar para fazer certo, recomeçar para retomar os sonhos que deixamos enferrujar. É sempre bom lembrar que há uma grande diferença entre o desespero e a desesperança. Desespero é aflição em forma de um cansaço existencial, alguém desesperado está à beira da loucura.

A desesperança é diametralmente diferente ao desespero, porque ela se torna uma inatividade, gera uma falta de brilho nos olhos, tirando-nos o foco do futuro. Na desesperança a gente sofre sem saber o que especificamente nos faz sofrer. A desesperança é um desestímulo e faz com a gente fique na passividade em relação ao presente e faz com que desprezemos tudo o que se diz ao futuro. É aí que num momento de sobriedade, das três virtudes cristãs, a fé, esperança e amor, vamos ter que nos apegar ao que mais precisamos hoje: a esperança.

Nessa madrugada lendo Atos dos Apóstolos, deparei-me com um episódio na vida Paulo que se enquadra bem nessa introdução acima. Paulo está numa viagem, ele não tinha milhagem e nem ia de primeira classe, antes, era conduzido a Roma como um prisioneiro. De repente, o navio se destroça e de imediato a intenção dos soldados era que todos presos fossem mortos, para que nenhum deles pudesse empreender fuga nadando, conforme Atos 27.42 "Os soldados queriam matar os prisioneiros para que não nadassem até a praia e depois fugissem".

Que situação Paulo estava experimentando. O navio foi a pique, e a chance de fugir seria coibida pelas espadas dos soldados, isto significava que nem mesmo o naufrágio criava a possibilidade de serem livres, então é aqui que se consolidou a perda de "toda a esperança"  já prevista no versículo 20.

Trazendo para a vida prática de hoje, podemos afirmar que há uma multidão incontável que já não tem mais esperança, aliás, vivem sem esperança, sem um sonho, sem um projeto de vida, são reféns da prisão chamada drogas, estão ainda acorrentados na escravidão do pecado, não conseguem tirar nem dos lábios a enfermidade, antes só confessam destruição, a primeira dor de estomago já imaginam como dizem eles, ai é úlcera, câncer, ai eu estou com as dez pragas do Egito. Gente que não acredita mais na esperança.

Agora, sinceramente, e nós que temos a esperança viva em nós, o que temos feito, chegamos à igreja e dizemos: tem pouca gente hem? Mas o que temos feito para mudar o quadro. Quanto tempo semanal temos tirado para levar a esperança aos desesperançados? Andamos com um folheto de evangelização na mão? Oramos quanto pelos perdidos? A nossa atitude de crente está gerando expectativa no incrédulo de conhecer a esperança? Qual foi a ultima vez que falamos de Jesus para alguém? A falta de ocupação nossa com o que é secular tem tirado a oportunidade de algum desesperançado retomar a esperança em Jesus.

O vs 37 de Atos 27 diz que havia naquele navio 276 pessoas. Estavam a bordo duzentas e setenta e seis pessoas. Já assistiu a cena de alguém no meio de uma tempestade, o desespero é grande, imagine 276 pessoas que experimentaram a fúria do Nordeste (ou Euro-Aquilão), um tufão de grande proporção que se abateu sobre o navio e isto gerou naquelas vidas a perda da esperança. Pelas circunstâncias não tinha como eles verem uma saída para escaparem com vida. O parecer geral era que nunca se livrariam daquele drama.

Estavam tão sobressaltados com o ocorrido, com a ansiedade que segundo Atos 27:33-36 a falta de esperança de um livramento, isto é de sair com vida daquela situação, que por 14 dias nem comer queriam aqueles homens. Pouco antes do amanhecer, Paulo insistia que todos se alimentassem, dizendo: Hoje faz catorze dias que vocês têm estado em vigília constante, sem nada comer. Agora eu os aconselho a comerem algo, pois só assim poderão sobreviver. Nenhum de vocês perderá um fio de cabelo sequer. Todos se reanimaram e também comeram algo.

E então Paulo cheio do Espírito Santo tomou pão e deu graças a Deus diante de todos e começou a comer. Um ato  restaurador dos ânimos para crerem que o livramento estava chegando. E atitude dele foi simples, partiu um pão e Deus graças na presença de todos.

Quantas vezes perdemos oportunidade de quando estamos com colegas da escola, da faculdade e do trabalho e nos assentamos a comer e esquecemos-nos de dar graças pelo que temos a mão para comer. Isto revela falta de fé, falta de testemunho, e a pessoas só recobram a esperança quando veem alguém do grupo externar a fé e confiança no Senhor. Quando assim agimos exteriorizamos a certeza do livramento, pois Deus é quem cuida de nós.

Então praticamente tudo estava perdido, mas dentre aqueles homens havia um temente a Deus, e quando ninguém mais cria, porque diz o texto no VS. 20 que a esperança se dissipara. Para aqueles náufragos não havia outra confissão. Já era. Mas Paulo temente a Deus e conhecedor do que Jesus é capaz de fazer traz uma declaração que abre a porta para que a esperança volte àqueles varões.

Uma pergunta se faz necessário: QUEM É O SEU DEUS? QUAL É O DEUS A QUEM VOCE SERVE? Não é difícil dizer que serve a Jesus e que é propriedade dele, mas o que realmente tem feito por Jesus, pela sua causa? Porque a sua vida não é entregue totalmente a Jesus? Parece que Jesus está inscrito no programa “Sua alma, minha vida” e está pulando miúdo para conseguir todos os requisitos para possuí-la. Por quê? Porque loteamos o nosso coração. Um quarto para isto, outro pedaço para aquilo e Jesus passa habitar em comodinho do fundo, no meio de tanta bagunça. No meio de tanta porcaria que injetamos pelas principais portas de entrada do nosso corpo, mais acentuadamente os olhos e ouvidos.

Creio que você não experimentou um naufrágio, mas com certeza já teve dias obscuros onde parecia mesmo que o sol não havia brilhado. De igual forma noites infindáveis de intensas trevas atravessamos sem experimentar nem sequer o brilho de uma estrela só. Quantas também não foram as tempestades que nos sobreveio, entretanto nós temos tido a felicidade de termos a esperança fundamentada, e se para você parece não haver mais esperança, nós queremos orar por você para que Cristo seja sua eterna esperança.